Thursday, January 13, 2011

Corduroy road

E se tudo for verdade ela vai morrer e ele não vai ver?
Lá vai a minha arma.
Bateu a porta com força e saiu com pressa em movimentos que faziam a casa tremer.
Havia um buraco no chão da calçada que não viu com a cor da noite. Não pode ser! O cavalo negro alado. Ficou presa no orifício com as mãos para fora e o chão que era frio. E a brisa leve e o chão que era frio. Ela tentou gritar mas havia um esquilo que olhava com olhos de gato. Restos de mentiras que costuramos para dentro atraente. Algodão.
Lá vai direto para o céu. Morrer é leve de apenas um gemido, ai.
Eu não acredito que a conheci. Coloquei a cabeça pela janela e não vi mais o jeans corduroy que costumava contornar a esquina. No fogão, Campbell esquentava maravilhas e fervia. Tão vaidosamente quente.
Sentou-se e começou a escrever uma carta para ela. Lembrou-se da sopa que havia para o jantar e a colocou no prato sem muito cuidado queimando o polegar. E se eu for atrás, será que consigo alcançá-la na plataforma?
Ela é tão estranha e tão dela. Da noite que não cabe no quarto.
Fingiu que sonhou com pessoas iconográficas que carregavam pixels nas mãos, saltando juntas e firmes sobre pequenas poças de água computadorizada deixando escapar corações pela boca.
O carro de bombeiros fechou a rua e removeu o corpo para fora do buraco. Num instante de muito barulho, onomatopéias corriam pela rua e ventavam. E ele não escutou? Rá! Era tarde e os vizinhos olhavam para fora com as luzes apagadas. Vergonha que tenta imitar o que significa.
E ele saltava cada vez mais alto e olhava para a carta que estava tão fria, e para a sua cama e a lua com fibras verticais.

(Publicado originalmente em setembro de 2007.)

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